23/03/18

"O que somos a eles o devemos"

Fui aluno de uma professora que me marcou pela positiva, a Professora Luísa Brito. Essa minha professora de quem tenho gratas recordações, que me deu aulas no Ciclo Preparatório na Escola Industrial de Luanda no ano lectivo 1963/1964 e na João Crisóstomo 1964/1965 na disciplina de Ciências Geográfico-Naturais, morava numa vivenda perto da Escola Industrial (Rua António Nobre) e tinha três filhas. Em 1965 nasce o 4º filho, um rapaz.

De todos os professores que tive, foi a única que nunca esqueci.

Fui muitas vezes a essa vivenda pois a Professora dava-me lá explicações. Embora eu fosse um muito bom aluno, mas como esteve muito tempo ausente devido à gravidez, sempre era uma ajuda para o exame do ciclo. Sei que as filhas estavam muitas vezes presentes. Como gostava muito dessa Professora tinha sempre 20 valores pois quem nos ensina e sabe ensinar, sabe motivar e nós damos o nosso melhor. Um dia deu-me um 16 e eu perguntei-lhe a razão já que tinha tudo certo e ela disse-me: «Mário dou-te um 16 que é para não te habituares mal».

A entrada para o interior da vivenda, em frente de uma Escola Primária entre a Vila Clotilde e a Vila Alice, era à esquerda e, em frente do portão, um "corredor" onde ficava o carro ("SAAB" branco). Atrás, uma mangueira de onde muitas mangas comi.

A Professora Luísa Brito nascida em Benguela, foi muito nova para a cidade do Porto onde tirou o curso de Biologia na Faculdade Ciências do Porto. Regressa a Angola (neste caso a Luanda), já casada.

Havia uma empatia muito grande entre mim e esta Professora. Talvez porque ela tinha 3 meninas e desejasse um rapaz. Lembro-me de ficar "aborrecido" quando soube que ia ter um rapaz. Senti-me de fora. Tinha acabado o meu estado de "graça" pensava eu. Mas não, continuei ser o menino que procurava tirar 20 valores para ter o prazer de ser chamado ao quadro quando havia qualquer matéria em ciências mais duvidosa para os outros alunos.

Depois fui trabalhar e perdi o contacto. 54 anos passados, através de uma das filhas, voltei a "encontrá-la". Infelizmente tarde, faz dia 24 deste mês, 11 anos que faleceu.

O que me impressiona é o facto de me lembrar de tantos pormenores. Tinha na época 12 anos. Quando muito se gosta, não há tempo nem espaço que faça esquecer.

Até Sempre minha Professora, Luísa Brito!

Eu com 12 anitos... como o tempo passa!

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