Regresso da Escola Industrial de Luanda para casa depois de mais um dia de aulas. Desta vez vinha sozinho.
Venho pela Alameda D. João II. Uma bicicleta de gelados passa e claro que dali saiu um baleizão para mim.
Saboreio o gelado. Fim da Alameda, viro para a Rua Paiva Couceiro em direção ao meu bairro de S. Paulo.
O passeio, ainda de terra, era bastante largo. Ao lado, o muro onde por dentro funcionava a Empresa de Eletricidade (não sei o nome certo), hoje ENDE.
O trânsito vai fluindo, mas entretido com o gelado nem presto muita atenção. Se viesse com alguém era certo e sabido que se faria o jogo das matrículas (quem perdesse levava os livros do outro).
De repente um barulho. Olho e vejo uma carrinha de caixa aberta a galgar o passeio onde ia. Começo a correr e a carrinha atrás de mim. Até que por fim parou. Vejo a cabeça de um homem a aparecer e a seguir o resto do corpo. Vou ter com ele e digo-lhe que por pouco não me tinha apanhado.
O homem estava aflito pelo acontecido e pedindo desculpa disse que tinha sido por causa da marmita. Ao dar a curva da D. João II para a Paiva Couceiro a marmita que estava no banco ao lado tinha caído e ele, ao se baixar para a apanhar, virou o volante e daí a carrinha ter galgado o passeio.
Safei-me desta, pensei eu, e ao mesmo tempo apercebi-me que mesmo com a carrinha atrás de mim, não tinha deixado cair o gelado. A marmita caiu, mas o gelado não.
:)
fotos: o local mais ou menos onde ocorreu a situação e a bicicleta dos gelados que era frequente ver, assim como os de mão, nas ruas de Luanda.