11/04/18

A Marmita

Regresso da Escola Industrial de Luanda para casa depois de mais um dia de aulas. Desta vez vinha sozinho.

Venho pela Alameda D. João II. Uma bicicleta de gelados passa e claro que dali saiu um baleizão para mim.

Saboreio o gelado. Fim da Alameda, viro para a Rua Paiva Couceiro em direção ao meu bairro de S. Paulo.

O passeio, ainda de terra, era bastante largo. Ao lado, o muro onde por dentro funcionava a Empresa de Eletricidade (não sei o nome certo), hoje ENDE.

O trânsito vai fluindo, mas entretido com o gelado nem presto muita atenção. Se viesse com alguém era certo e sabido que se faria o jogo das matrículas (quem perdesse levava os livros do outro).

De repente um barulho. Olho e vejo uma carrinha de caixa aberta a galgar o passeio onde ia. Começo a correr e a carrinha atrás de mim. Até que por fim parou. Vejo a cabeça de um homem a aparecer e a seguir o resto do corpo. Vou ter com ele e digo-lhe que por pouco não me tinha apanhado.

O homem estava aflito pelo acontecido e pedindo desculpa disse que tinha sido por causa da marmita. Ao dar a curva da D. João II para a Paiva Couceiro a marmita que estava no banco ao lado tinha caído e ele, ao se baixar para a apanhar, virou o volante e daí a carrinha ter galgado o passeio.

Safei-me desta, pensei eu, e ao mesmo tempo apercebi-me que mesmo com a carrinha atrás de mim, não tinha deixado cair o gelado. A marmita caiu, mas o gelado não.

:)

fotos: o local mais ou menos onde ocorreu a situação e a bicicleta dos gelados que era frequente ver, assim como os de mão, nas ruas de Luanda.