A chuva cai suave sobre a cidade, lavando as ruas e as memórias. O silêncio é quase palpável, apenas quebrado pelo som das gotas e do vento.
No mar, a kianda observa tudo com seus olhos de mistério. Ela é a senhora das águas, a protetora dos pescadores, a guardiã dos segredos.
Ela sabe que Angola é uma terra de contrastes, de lutas, de esperanças.
Ela sente o pulsar do coração do povo, a sua força, a sua fé.
Ela sorri e canta uma canção antiga, que ecoa nas ondas e nas almas.
Ela é Angola sempre, a kianda que nunca se rende.
*kianda - monstro fabuloso, sereia, deus das águas, ser sobrenatural que preside aos mares, rios, montanhas e bosques.
Terra Vermelha
25/07/23
09/06/23
Mãe África
África, continente de cores
De belezas, de dores
De riquezas, de valores
De lutas, de amores
África, berço da humanidade
De diversidade, de identidade
De cultura, de criatividade
De resistência, de liberdade
África, mãe de tantos filhos
De sonhos, de brilhos
De esperanças, de desafios
De histórias, de estilos
África, meu coração te abraça
Te admira, te agradece
Te respeita, te reconhece
Te celebra, te enaltece
De belezas, de dores
De riquezas, de valores
De lutas, de amores
África, berço da humanidade
De diversidade, de identidade
De cultura, de criatividade
De resistência, de liberdade
África, mãe de tantos filhos
De sonhos, de brilhos
De esperanças, de desafios
De histórias, de estilos
África, meu coração te abraça
Te admira, te agradece
Te respeita, te reconhece
Te celebra, te enaltece
20/01/20
África é um todo!
É sol, é mar, são garinas bronzeando nas suas águas cálidas.
É a nossa moamba, o batuque, o merengue e a rebita.
É o pôr do sol na baía, é uma cerveja bebida numa esplanada. É o olhar para tudo e para nada.
São as quintandeiras perguntando: «'Minino', quer camarão fresquinho?!»
É o dormir na esteira, é o entrar pelas frestas dos raios de sol que nos aquece o corpo, que nos excita os sentidos, que nos abre logo pela manhã o sorriso.
Não há Angola, nem Moçambique, não há Guiné, nem Cabo Verde...
Há África e África é um todo!
É a nossa moamba, o batuque, o merengue e a rebita.
É o pôr do sol na baía, é uma cerveja bebida numa esplanada. É o olhar para tudo e para nada.
São as quintandeiras perguntando: «'Minino', quer camarão fresquinho?!»
É o dormir na esteira, é o entrar pelas frestas dos raios de sol que nos aquece o corpo, que nos excita os sentidos, que nos abre logo pela manhã o sorriso.
Não há Angola, nem Moçambique, não há Guiné, nem Cabo Verde...
Há África e África é um todo!
21/03/19
Foto Beleza - Luanda
Do pai do meu amigo Mário Marques da Silva, era o local privilegiado para as fotos que queríamos, tanto para a Escola, como para o Bilhete de Identidade.
Bom profissional, todas as fotos eram garantidamente de qualidade. Já aqui tinha colocado esta foto a preto e branco, tirada na Foto Beleza.
Vi há pouco, que essa foto (tinha eu 18 anos) serviu para o Curso de Aperfeiçoamento na Escola Industrial de Luanda. Pelo facto de estudar de noite, tinha-se, creio, que estudar mais dois anos, para ter equivalência aos que tiravam o Curso durante o dia.
Como seria essa foto a cores? Se penso, logo existo (René Descartes), e como não gosto de pensar e não executar, aqui está ela.
Ficou muito bem, graças à boa qualidade da foto original.
Esteja onde estiver o Sr. Silva, Obrigado pelas fotos tiradas na Foto Beleza, um marco na vida de todos nós, lá no Bairro de S. Paulo, o bairro mais genuíno, e onde moravam as moças mais belas de Luanda. Quem sabe se o Sr. Silva, quando deu o nome, não se baseou na formosura das moças desse bairro.
foto: eu com 18 anos, 'pintada' de uma foto a preto e branco tirada na foto Beleza.
Bom profissional, todas as fotos eram garantidamente de qualidade. Já aqui tinha colocado esta foto a preto e branco, tirada na Foto Beleza.
Vi há pouco, que essa foto (tinha eu 18 anos) serviu para o Curso de Aperfeiçoamento na Escola Industrial de Luanda. Pelo facto de estudar de noite, tinha-se, creio, que estudar mais dois anos, para ter equivalência aos que tiravam o Curso durante o dia.
Como seria essa foto a cores? Se penso, logo existo (René Descartes), e como não gosto de pensar e não executar, aqui está ela.
Ficou muito bem, graças à boa qualidade da foto original.
Esteja onde estiver o Sr. Silva, Obrigado pelas fotos tiradas na Foto Beleza, um marco na vida de todos nós, lá no Bairro de S. Paulo, o bairro mais genuíno, e onde moravam as moças mais belas de Luanda. Quem sabe se o Sr. Silva, quando deu o nome, não se baseou na formosura das moças desse bairro.
foto: eu com 18 anos, 'pintada' de uma foto a preto e branco tirada na foto Beleza.
11/03/19
Bons velhos tempos
Isto sim é que eram bons tempos. Agora a música e os bailes já não têm o mesmo encanto de outrora. Dançam separados e quando juntos têm o telemóvel de permeio. Já não há os encostos, o cheirar o cabelo da menina, o sussurro ao ouvido.
Já não há a tal confusão entre algo que 'acorda' na altura e o porta-chaves.
O tempo perdeu o encanto desta idade da inocência. Agora dorme-se com o telelé e siga a dança.
Bons velhos tempos.
https://www.facebook.com/doceencantosaudavos/videos/1166384390199815/?t=20
Já não há a tal confusão entre algo que 'acorda' na altura e o porta-chaves.
O tempo perdeu o encanto desta idade da inocência. Agora dorme-se com o telelé e siga a dança.
Bons velhos tempos.
https://www.facebook.com/doceencantosaudavos/videos/1166384390199815/?t=20
20/05/18
Bairro Operário
O Bairro de S. Paulo e o Bairro Operário são "irmãos". Muitas vezes irmãos desavindos, porque limitávamos a nossa zona da que diziam que era porta sim, porta sim. Mas não era. Muita e boa gente lá morava e na escola primária creio que a nº 8 (perto do cemitério velho), muitos do nosso Bairro estudaram.
Houve sempre a confusão onde acabava o Bairro de S. Paulo e começava o Bairro Operário. Ora era na Rua Missão de S. Paulo, ora na Rua António Brandão de Melo. Pois era exatamente nesta última que começava o Bairro Operário. A famosa Vouzelense já era nesse bairro. Bairro onde se misturava as noites de sexo proibido, com as grandes farras que por lá haviam.
Hoje o nosso bairro de S.Paulo pertence à comuna do Bairro Operário.
Os irmãos "desavindos" são um só.
A historia do Bairro Operário confunde-se com a história de Luanda.
Empurrados pelo regime vigente na altura, a antiga burguesia de S. Paulo de Assunção de Loanda, foi marginalizada, ocupando esse espaço onde se confundiu, com os habitantes humildes que lá habitavam.
Será um pouco sobre esse bairro que tanto nos diz, pois o Bairro Operário (a denominação tem a ver com o facto de ser habitada por operários dos caminhos-de-ferro), faz parte da nossa vivência, que aos poucos irei aqui colocar aqui um pouco da sua existência.
Irei pedir ao Jaccques Arlindo dos Santos que através do seu olhar e da sua pena, me conte o ABC do Bê Ó.
Antes do "nascimento" do nosso Bairro, antes do nascimento da Igreja Missão de S. Paulo, já o Bê Ó existia. O tal musseque (“Musekes”, que em kimbundu significa lugar (Mu) de areia (Seke)), de terra vermelha, que diziam que era porta sim, porta sim, afinal, não era só de tiros na noite de algum marido ciumento, mas de farras até altas horas, das enxurradas que se abatiam naquela velhas casas, de quem ia até à cidade (estando também na cidade) à busca de um pequeno trabalho que desse para ganhar algum que a família tinha que comer.
Houve sempre a confusão onde acabava o Bairro de S. Paulo e começava o Bairro Operário. Ora era na Rua Missão de S. Paulo, ora na Rua António Brandão de Melo. Pois era exatamente nesta última que começava o Bairro Operário. A famosa Vouzelense já era nesse bairro. Bairro onde se misturava as noites de sexo proibido, com as grandes farras que por lá haviam.
Hoje o nosso bairro de S.Paulo pertence à comuna do Bairro Operário.
Os irmãos "desavindos" são um só.
A historia do Bairro Operário confunde-se com a história de Luanda.
Empurrados pelo regime vigente na altura, a antiga burguesia de S. Paulo de Assunção de Loanda, foi marginalizada, ocupando esse espaço onde se confundiu, com os habitantes humildes que lá habitavam.
Será um pouco sobre esse bairro que tanto nos diz, pois o Bairro Operário (a denominação tem a ver com o facto de ser habitada por operários dos caminhos-de-ferro), faz parte da nossa vivência, que aos poucos irei aqui colocar aqui um pouco da sua existência.
Irei pedir ao Jaccques Arlindo dos Santos que através do seu olhar e da sua pena, me conte o ABC do Bê Ó.
Antes do "nascimento" do nosso Bairro, antes do nascimento da Igreja Missão de S. Paulo, já o Bê Ó existia. O tal musseque (“Musekes”, que em kimbundu significa lugar (Mu) de areia (Seke)), de terra vermelha, que diziam que era porta sim, porta sim, afinal, não era só de tiros na noite de algum marido ciumento, mas de farras até altas horas, das enxurradas que se abatiam naquela velhas casas, de quem ia até à cidade (estando também na cidade) à busca de um pequeno trabalho que desse para ganhar algum que a família tinha que comer.
11/04/18
A Marmita
Regresso da Escola Industrial de Luanda para casa depois de mais um dia de aulas. Desta vez vinha sozinho.
Venho pela Alameda D. João II. Uma bicicleta de gelados passa e claro que dali saiu um baleizão para mim.
Saboreio o gelado. Fim da Alameda, viro para a Rua Paiva Couceiro em direção ao meu bairro de S. Paulo.
O passeio, ainda de terra, era bastante largo. Ao lado, o muro onde por dentro funcionava a Empresa de Eletricidade (não sei o nome certo), hoje ENDE.
O trânsito vai fluindo, mas entretido com o gelado nem presto muita atenção. Se viesse com alguém era certo e sabido que se faria o jogo das matrículas (quem perdesse levava os livros do outro).
De repente um barulho. Olho e vejo uma carrinha de caixa aberta a galgar o passeio onde ia. Começo a correr e a carrinha atrás de mim. Até que por fim parou. Vejo a cabeça de um homem a aparecer e a seguir o resto do corpo. Vou ter com ele e digo-lhe que por pouco não me tinha apanhado.
O homem estava aflito pelo acontecido e pedindo desculpa disse que tinha sido por causa da marmita. Ao dar a curva da D. João II para a Paiva Couceiro a marmita que estava no banco ao lado tinha caído e ele, ao se baixar para a apanhar, virou o volante e daí a carrinha ter galgado o passeio.
Safei-me desta, pensei eu, e ao mesmo tempo apercebi-me que mesmo com a carrinha atrás de mim, não tinha deixado cair o gelado. A marmita caiu, mas o gelado não.
:)
fotos: o local mais ou menos onde ocorreu a situação e a bicicleta dos gelados que era frequente ver, assim como os de mão, nas ruas de Luanda.
Venho pela Alameda D. João II. Uma bicicleta de gelados passa e claro que dali saiu um baleizão para mim.
Saboreio o gelado. Fim da Alameda, viro para a Rua Paiva Couceiro em direção ao meu bairro de S. Paulo.
O passeio, ainda de terra, era bastante largo. Ao lado, o muro onde por dentro funcionava a Empresa de Eletricidade (não sei o nome certo), hoje ENDE.
O trânsito vai fluindo, mas entretido com o gelado nem presto muita atenção. Se viesse com alguém era certo e sabido que se faria o jogo das matrículas (quem perdesse levava os livros do outro).
De repente um barulho. Olho e vejo uma carrinha de caixa aberta a galgar o passeio onde ia. Começo a correr e a carrinha atrás de mim. Até que por fim parou. Vejo a cabeça de um homem a aparecer e a seguir o resto do corpo. Vou ter com ele e digo-lhe que por pouco não me tinha apanhado.
O homem estava aflito pelo acontecido e pedindo desculpa disse que tinha sido por causa da marmita. Ao dar a curva da D. João II para a Paiva Couceiro a marmita que estava no banco ao lado tinha caído e ele, ao se baixar para a apanhar, virou o volante e daí a carrinha ter galgado o passeio.
Safei-me desta, pensei eu, e ao mesmo tempo apercebi-me que mesmo com a carrinha atrás de mim, não tinha deixado cair o gelado. A marmita caiu, mas o gelado não.
:)
fotos: o local mais ou menos onde ocorreu a situação e a bicicleta dos gelados que era frequente ver, assim como os de mão, nas ruas de Luanda.
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