No B.º S. Paulo morei
Na Rua Vereador Prazeres
Naquelas ruas brinquei
Vi rostos de muitos sofreres
Fazíamos corridas aos centos
Junto às bombas de gasolina
De trotineta ou carros de rolamentos
Muitos éramos há partida
Jogávamos à bola ali perto
Em frente à Casa Lisboa
Num terreno deserto
Havia pancadaria da boa
No velho Cinema Colonial
Da geral ou plateia tanto faz
Dizia-se em barulheira infernal
“Artista... olha na tua atrás”
Bar Cravo, Magestic ou Mariazinha
Rua do Ambaca, Benguela, Lobito
Fazem parte como se adivinha
Do tempo em que dizia: «Em Luanda... fico!».
Mas a vida deu uns safanões
E um novo sopro saiu do auro
Agora só restam as recordações
Do meu lindo Bairro... S. Paulo!
Aiuê Angolê!
P.S. - Vou aqui colocar o poema da minha amiga Laura do blog "Réstias de Sol".
Esta minha amiga Laura, minha vizinha em Luanda, ficou surda aos 6 anos. A professora achava que era tempo perdido ensinar uma surda a saber ler e escrever. Mas a Laura nunca esmoreceu, soube dar a volta por cima e hoje escreve e sente como ninguém a voz do silêncio... do seu silêncio! Um dia sabendo o que quanto ela tinha para nos dar "ofereci-lhe" um blogue, o "Réstias..." e, assim, é ver a minha amiga Laura colocar lá todos os seus sentimentos em forma de prosa ou poemas.
Nelas retrata a sua vivência e o seu amor por um Bairro (o nosso B.º S. Paulo), e acima de tudo por uma cidade que foi o grande amor da sua vida... Luanda.
Neste poema a Laura lembra aquela idílica Ilha que faz parte do imaginário de cada um de vós e que nós, em Luanda, bem a conhecíamos quando o barco "Kapossoca" atracava no cais e éramos recebidos com colares de missangas,... a Ilha do Mussulo.
Esta minha amiga Laura, minha vizinha em Luanda, ficou surda aos 6 anos. A professora achava que era tempo perdido ensinar uma surda a saber ler e escrever. Mas a Laura nunca esmoreceu, soube dar a volta por cima e hoje escreve e sente como ninguém a voz do silêncio... do seu silêncio! Um dia sabendo o que quanto ela tinha para nos dar "ofereci-lhe" um blogue, o "Réstias..." e, assim, é ver a minha amiga Laura colocar lá todos os seus sentimentos em forma de prosa ou poemas.
Nelas retrata a sua vivência e o seu amor por um Bairro (o nosso B.º S. Paulo), e acima de tudo por uma cidade que foi o grande amor da sua vida... Luanda.
Neste poema a Laura lembra aquela idílica Ilha que faz parte do imaginário de cada um de vós e que nós, em Luanda, bem a conhecíamos quando o barco "Kapossoca" atracava no cais e éramos recebidos com colares de missangas,... a Ilha do Mussulo.
O Poema
Quero ser de novo a garota feliz, lá do bairro, Quero sair por aí, passear na minha ilha, Conversar com meus amigos Correr com eles pela praia. Jogar ao ringue, dar ao arco, mergulhar lá no charco Que tinha na minha ilha, quando a maré vazava E não havia maralha que resistisse a saltar, A berrar pelas alforrecas que dançavam ao nosso redor E nos faziam correr, chorar e gritar de dor. Quero ir para a minha ilha Encontrar um pescador vê-lo a deitar as redes, E ir com ele pelo mar na canoa a flutuar Ter a qualquer lugar, que lá na nossa ilha Era tudo ao pé da mão, podíamos apanhar Mamões, bananas e papaias lá nas praias, As mangas eram um nunca mais acabar Era saltar dentro da água e comer até fartar, Para as mãos não ser preciso ir lá fora lavar. Quero ir à minha ilha, sentar ali ao pé dela Falar da minha vida e o que tem sido O meu regressar a outra terra, a outro mar Dizer-lhe bem no ouvido, que, mesmo de longe A continuo a amar!...
4 comentários:
morei um pouco mais pra baixo da foto ...No fim da av combatentes, mais propriamente na Rua Senado da Câmara ao bairro marçal..
Grata surpresa...
Eu morei sempre entre os Combatentes e a Paiva Couceiro, na rua Vasco Fernandes, fiz a primária do colégio S.Tomás de Aquino em S.Paulo... Depois S.José de Cluny...
Saudades de um tempo que não volta mais.
Obrigada, Marius!
Bem haja
Sempre no BºS. Paulo de 62 /71 ,Entre a Rua dos Pombeiros e Rua do Lobito ,o Edificio em frente á Pastelaria ,era local de "Farra"...........memórias!Obg.
ÂNIMO é a palavra que melhor define o sentimento de encontrar estas páginas/blog. Nasci e vivi até aos 14 anos no prédio do Bar Ginga em S. Paulo e é reconfortante ao fim de tantos anos encontrar descrições de sentimentos partilhados.
ESTAMOS JUNTOS
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